O renomado arquiteto e urbanista Ruy Ohtake esteve na capital mato-grossense para ministrar uma palestra sobre Criatividade e Inovação, marcas registradas dos seus projetos, que passam de 300 obras espalhadas por todo o mundo. Após um breve contato com Cuiabá, o profissional afirma que Cuiabá está entre as cidades em que o planejamento é mais viável se iniciado de fora para dentro, ou seja, da periferia para os grandes centros. Ohtake também fez comentários sobre a continuidade das obras do VLT
“A arquitetura é uma ferramenta de inclusão, e deve estar à frente da ocupação urbana, e não usada como remendo para sanar os problemas da cidade”, afirmou, durante a discussão promovida na noite desta quinta-feira (10.12) pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (CAU/MT), que tratou dos problemas de planejamento urbano e possíveis soluções para a capital que completará dentro de quatro anos seu tricentenário.
Como exemplo de como o planejamento pode tornar a cidade mais igualitária, ele cita o seu projeto de moradias populares implantado em uma favela de São Paulo, o Parque residencial Heliópolis, feito com recursos do programa federal Minha Casa Minha Vida. Um espaço distante do grande centro, em que foi possível atender o primeiro degrau da pirâmide social brasileira com apartamentos de apenas 46 m², mas com um diferencial: os prédios foram projetados circulares, possibilitando um ambiente ventilado e iluminado, fora dos padrões de moradias populares.
“São pessoas que nunca pensaram em morar em uma residência assim, com qualidade de vida, e a arquitetura permitiu isso. Conversei muito com lideranças comunitárias, esse é um trabalho que precisa ser feito, eles precisam sentir que têm alguns aliados”, reitera.
Com a experiência de quem projetou o primeiro Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que corta a cidade de São Paulo, suspenso a 10 metros do chão, ainda em 1997, e que demorou 10 anos para ser totalmente implantado, o arquiteto observa ainda que uma grande mácula da mobilidade urbana de Cuiabá é a não conclusão do VLT. Pela sua breve impressão da cidade, o modal não deve ficar pronto em menos de quatro anos.
Diplomado há mais de 40 anos pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Ruy Ohtake é autor de diversos projetos, dentre os quais se destacam o Parque Ecológico do Tietê, em São Paulo, 1975; a embaixada brasileira em Tóquio, 1982; os hotéis Renaissance (1992) e Unique (2002), ambos em São Paulo além dos jardins e pelo museu aberto da Organização dos Estados Americanos, nos Estados Unidos.
DORALICE FREITAS
Domingo, 13 de Dezembro de 2015, 14h22