Indígenas mato-grossenses da etnia Mebengokre Kayapó e a Gol Linhas Aéreas assinaram acordo que garante a indenização de R$ 4 milhões aos Kayapó.

A indenização foi acertada em dezembro do ano passado, por intermediação do Ministério Público Federal (MPF), uma década após a colisão entre o avião da Gol e o jato Legacy, pilotado por dois norte-americanos.

O acidente, considerado segundo maior da aviação brasileira, matou 154 pessoas que viajavam pela Gol.

A carcaça está, desde então, deteriorando na terra indígena dos Kayapó, interferindo na dinâmica cultural e religiosa do povo, daí o pedido de indenização.

Os Kayapó acreditam que os espíritos dos mortos ainda estão vibrando naquela área, onde não podem mais caçar, pescar, montar aldeia, em respeito aos mortos.

De acordo com crenças e tradições do povo Kayapó, a área tornou-se uma casa dos espíritos.

O acordo foi assinado na última sexta-feira (17).

"O acordo firmado entre a GOL, a etnia Mêbêngokre Kayapó e o Ministério Público Federal, no dia 17 de março de 2017, teve como premissa o respeito da companhia à cultura indígena", diz a empresa, por meio de nota, sem informar quando e como vai repassar a quantia.

A Terra Indígena Capoto/Jarina fica no extremo Nordeste do mapa de Mato Grosso, aonde a aeronave caiu em 2006.

O acidente

Avião da Gol saiu de Manaus, no dia 29 de setembro de 2006, com destino ao Rio de Janeiro, com escala prevista e que nunca foi feita em Brasília.

Em região de floresta amazônica, dois norte americanos que seguiam rumo aos Estados Unidos, em um jato Legacy, voo fretado com sete pessoas, colidiu com o avião da Gol, seguindo viagem, sem transtornos, ninguém morreu.

Pilotos do Legacy, Jan Paul Paladino e Joseph Lepore foram condenados a três anos, um mês e dez dias de prisão em regime aberto. Mas estão em casa nos Estados e ainda não foram notificados da sentença.

Parte dos familiares das vítimas do Gol também fez acordo indenizatório com a Gol. Outros parentes não aceitaram.